dou para que dês. A interpretação anglo-saxónica da expressão em latim quid pro quo deveria constar na alínea primeira de todos os acordos de comércio que se dizem justos. Vem isto a propósito das recentes polémicas em favor e contra o isolacionismo e a globalização.
Sendo certo que há uma certa estranheza em ver o fervor com que americanos defenderem o primeiro e chineses a segunda, a verdade dos factos é que a maioria dos governos toma decisões com base no aqui e agora e não numa perspetiva de longo prazo. Talvez por isso seja interessante verificar que num momento de relativa estagnação da economia mundial, EUA e China estejam prestes a tomar decisões historicamente opostas para lidarem com esta realidade.
Se do recém adoptado isolacionismo americano já muito se disse e escreveu, é curioso registar o pouco que se sabe da forma como a China se propõe ultrapassar este desafio. O caminho parece estar a ser traçado a partir do projecto “one belt, one road” (OBOR), um investimento orçamentado em 20 triliões de dólares que se propõe mudar a face do comércio internacional. O plano tem duas faces, “one belt” que se traduz uma rede de estradas que ligue a China à Escandinávia e “one road” que corresponde a um conjunto de infraestruturas portuárias que redefiniram as rotas marítimas da China à Europa. É um projecto muito ambicioso que cobrirá 65% da população mundial, cerca de 1/3 do produto interno bruto mundial e 25% de todos os bens e serviços transacionáveis. Pode ler ou ouvir mais detalhes do projecto neste podcast e blog post da McKinsey de Hong Kong.
Porventura a principal razão pela qual a China está tão interessada em promover este projecto colaborativo entre dezenas de países reside na necessidade de aumentar o crescimento dos mercados emergentes e dos países em vias de desenvolvimento. Percebendo que o seu próprio crescimento está muito condicionado à capacidade de outros países comprarem os seus produtos, a China opta por ajudar no desenvolvimento de infraestruturas que alavanquem o crescimento e consequentemente o consumo.
Grande parte do sucesso deste projecto está dependente da capacidade de financiamento disponível para os países mais carenciados. Para o propósito deste texto o importante a registar é o principio colaborativo. Perceber em que medida os nossos produtos ou serviços podem ser facilitadores da competitividade dos nossos clientes. Hoje preço e produto não são mais importantes que a logística e comunicação. Se a competitividade própria (e dos nossos clientes) sair reforçada através de uma distribuição mais ampla e eficiente ou da nossa capacidade criar um excelente sistema de pós-venda, pois seja. O importante é melhorar a interacção e facilitar a competitividade.
Na maioria das vezes, fazemos este exercício na perspetiva da minha empresa / meus clientes, mas é útil olhar para as oportunidades de crescimento que podem surgir a partir de uma melhor colaboração com fornecedores. Num mercado tão altamente competitivo e global como o que vivemos, a diferença entre ganhar / consolidar e perder um negócio pode estar na capacidade da empresa de responder rápida e solidamente. Entenda-se por solidez, ser capaz de assegurar a sua capacidade própria e a dos seus parceiros fornecedores.
Por hoje é tudo. Voltamos na próxima semana com o 3ª episódio de “A Dieta de …” tendo como convidado Antonio Paraiso.