A convidada e os seus objectos
A Raquel já queria ser designer quando obrigava a mãe a escolher as embalagens mais bonitas no supermercado. Estudou Design em Aveiro, estagiou em Barcelona e apaixonou-se pelo Porto. O que começou por ser um namoro à distância acabou em amor, um daqueles que queremos que dure para sempre. Quem lhe tira os amigos e os gatos tira-lhe tudo. As flores em casa, o vinho e o queijo em cima da mesa, fazem-na acreditar que não há vida mais bonita do que a vida portuguesa.
O que os portugueses têm de melhor?
A humildade. Apesar de ser muitas vezes um defeito, acho que as novas gerações já sabem valorizar o trabalho que fazem e já não nos achamos uns coitadinhos. No entanto, e não indo a um extremo assim, gosto e aprecio cada vez mais a humildade nas pessoas.
Povo que mais a surpreendeu.
Infelizmente só pude começar a viajar muito tarde. Sei que conheço uma migalhinha do que é o mundo lá fora e por isso esta pergunta só me deixa a suspirar pelo que ainda não conheci, e com a certeza de que ainda me vou surpreender muito.
Dos lugares que visitei, o que mais me surpreendeu foi Amesterdão. Vi ruas bonitas, desde as mais pobres às mais turísticas, a cidade é limpa e organizada. Depois, quando via coisas que me pareciam por exemplo uma loja de brinquedos, por estar bonita e ver muitos brinquedos de madeira, percebia que eram infantários. Senti que ali havia bom gosto em todo o lado, as janelas sem cortinas que nos deixavam ver os interiores deixavam-me sempre com mais certezas do que sentia. Existe uma noção de conforto, bem estar e um bom gosto que aqui ainda não se instalou.
Quem não tem uma varanda desce ao passeio e senta-se com os amigos a beber um copo de vinho a meio da tarde, aqui se víssemos isso não entenderíamos. Por lá, tive até de ter cuidado para não entrar em casas particulares que me pareciam pequenos cafés.
Maior Aprendizagem Profissional
Dizer não.
Maior Desafio Profissional
Nos últimos meses tive em mãos um T1, que para além da decoração me deu a oportunidade de fazer design de interiores. Estive com o projecto desde a alteração do apartamento, a escolha de materiais, acompanhamento da obra e decoração final. Estou muito feliz e grata pelo convite que recebi, mais ainda porque correu bem e receberam o meu trabalho com muito carinho, mas posso confessar que a preocupação inicial foi muita. Ainda tenho de aprender a gerir esta pressão que sinto, o medo de falhar, e aproveitar mais o processo.
Decoração de interiores é muito diferente de design de interiores, e é por este segundo caminho que quero ir e é ele que me apaixona. A responsabilidade é grande porque o objectivo é criar espaços funcionais, confortáveis e esteticamente apelativos. Tenho muito, muito para aprender e este trabalho fez-me perceber o caminho que quero seguir nesta área.
Pessoas que a inspiram
Não vou dizer nomes, apetece-me falar do tipo de pessoas que me inspiram. Aquelas que arranjam sempre tempo para os amigos ou para ajudar alguém. Aquelas que têm um propósito maior na vida, que não tem nada a ver com dinheiro ou poder. Aquelas que se esforçam por serem melhores pessoas e por viver melhor todos os dias. As que vão atrás de sonhos, mesmo que isso signifique não ter um salário fixo, e as que param o trabalho às 18 para respirar e fazer qualquer outra coisa.
Se pudesse fazer uma pausa de um ano, o que gostava de aprender
Design de interiores. Adorava mesmo poder parar para estudar e aproveitar tudo. Interessa-me aprender mais sobre materiais, escalas, iluminação. Acho que esse ano não vai acontecer por isso vai-se fazendo uma coisa de cada vez.
Coisas pelas quais de perde
Livros, porque há sempre lugar para mais um na estante e porque acho que não é desperdício de dinheiro e um dia terei tempo para os ler.
Também já me perdi muito entre pratos e travessas, mas acho que já não me perco assim tanto porque aprendi a resistir a estas coisas. Cá em casa somos apenas 2 a usar os serviços por isso seria um bocadinho doentio ter mais de 20 pratos ou copos e canecas que dariam para abastecer um bar. Como também não costumo partir muitas coisas vão mesmo acumulando, não há grandes desculpas para comprar mais.
Objecto com Estória
O relógio era, há uns anos atrás, um objecto indispensável para mim. Com o tempo fui percebendo o poder mágico que tem num dia de trabalho. As tarefas são agora organizadas por horas, acabando assim com as listas insuportáveis de tarefas que precisariam não de um dia, mas pelo menos de 3 ou 4. É por isso um objecto indispensável para mim, sem ele as horas de trabalho infinitas e o escritório passava a ser a divisão onde eu passava todo o meu dia, não significando que o meu rendimento fosse excelente. Ele lembra-me que há tempo para tudo, para o trabalho e para o lazer, e que se eu cumprir esta regra farei muito melhor todas as minhas tarefas.
Presença da Rede
Pode acompanhar a Raquel nas redes sociais Instagram e Facebook ou acompanhando o blog.